FRUTICULTURA: ATA GARANTE RENDA EXTRA PARA PRODUTOR
Apesar de ainda ser pouco explorada a cultura tem espaço garantido no mercado.
Começou este mês em Mato Grosso a colheita da ata. Até abril o fruto, que também é conhecido por pinha, terá espaço garantido nas gôndolas de supermercados, barracas das feiras e até mesmo na rua. Apesar de não ser tão expressiva no Estado, a produção chega a 40 toneladas por safra, volume que cresce a cada ano, garantindo uma renda extra para vários produtores mato-grossenses.
Em algumas propriedades chegam a ser cultivados 600 pés. Cada um com produção média de 150 quilos da fruta por ano. As boas condições do solo, rico em calcário, exigência de pouca adubação e fácil colheita são os principais atrativos para o cultivo.
Nesta safra a comercialização também é considerada boa. A caixa com até 50 quilos é vendida por R$ 80. Para o consumidor, porções custam de R$ 5 a R$ 10, dependendo do local de compra. Além de Cuiabá, municípios como Jaciara, Mirassol D’Oeste, Salto do Céu, Cáceres e Rosário Oeste concentram os maiores produtores.
O administrador Duílio Maiolino Filho dedicou uma pequena área de sua chácara para o cultivo da ata. Tudo o que é colhido tem como destino a central de distribuição do Verdão, para onde vai a maioria da produção estadual. Dali o fruto é encaminhado para o comércio varejista.
Também diretor da Associação Mato-grossense de Fruticultura, Duílio destaca que, apesar da boa aceitação pelos consumidores, a produção local não é suficiente para atender a demanda. “Falta produto. É só analisarmos o valor em que a ata é vendida nas feiras e mercados. Não é tão barata assim”.
Uma das maiores dificuldades encontradas pelos produtores é garantir a conservação do fruto após a colheita. Como é muito perecível, a pinha dura, no máximo, uma semana nas prateleiras. Este processo pode ser acelerado em regiões de alta temperatura como na Baixada Cuiabana.
Com isso, parte da produção, que já é insuficiente, acaba sendo perdida antes mesmo de chegar nas prateleiras. “Em poucos dias a fruta começa a ter uma aparência escura e é descartada na hora da compra. Por outro lado, se colhermos os frutos muito verdes, eles perdem o sabor”.
Entre as alternativas para garantir maior durabilidade é manter as frutas em câmaras frias ou envolvê-las com filme plástico. Mas o processo se torna caro para quem produz em pequena escala como é o caso dos produtores de Mato Grosso.
O engenheiro agrônomo Leonardo da Silva Ribeiro destaca que as técnicas são utilizadas em grandes mercados produtores como Bahia, Alagoas e São Paulo. Além de atender o consumo local, os Estados exportam parte da safra para fora do país.
Especialista em fruticultura, Ribeiro acrescenta que, em pequenas propriedades, o melhoramento da produtividade e até mesmo da qualidade dos frutos pode ser obtido com o uso de outras técnicas de produção. A escolha de mudas sadias e a adubação nos períodos certos estão entre elas. “É preciso ter plantas com procedência boa e que também sejam produtivas. Estudos comprovam que até 50% da produção é garantida com a escolha de uma boa muda”.
Já a adubação em regiões de clima tropical e onde não há sistema de irrigação tem que ser feita no início e fim do período chuvoso. Se o adubo for colocado durante a estiagem, a planta pode ser danificada ao invés de se fortalecer.
O agrônomo alerta ainda para a necessidade de poda anual para garantir o recebimento de sol e, consequentemente, a floração no período certo. “A pinha precisa de sol. Se os galhos e folhas impedirem que o sol chegue em toda a planta a produção também será prejudicada. São detalhes, mas que fazem a diferença”.
Com todos estes cuidados, o produtor ainda inibe o aparecimento de pragas nos pomares. A mais comum nas lavouras mato-grossenses é a antracnose, um fungo que ataca a fruta ainda no pé ou após a colheita. Em alguns casos é necessária a aplicação de fungicidas para combatê-lo. “A pinha é um fruto crematélio, que continua com o processo de amadurecimento mesmo após a colheita. E neste processo pode surgir a doença, que deixa a fruta toda preta”.
Pesquisas para melhorar a resistência, qualidade e produtividade de algumas espécies também vem sendo feita pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Em 2012 duas novas variedades de uva para suco e maracujá azedo foram lançadas em Mato Grosso.
As cultivares foram desenvolvidas pelos programas de melhoramento genético da Embrapa Uva e Vinho e Cerrados, buscando a adaptação ao clima tropical do Estado, resistência a doenças e também ao transporte, além de maior tempo de prateleira.
Inovações
Assim como em outras espécies, pesquisas são feitas para garantir a produção da ata durante o ano todo. Hoje ela é sazonal. Isso é possível com a técnica de indução floral, já aplicada em outras variedades de fruta como o abacaxi e a uva.
Ribeiro afirma que, se isso ocorrer, a viabilidade de produção deve incentivar a expansão da área plantada em todo o país. Hoje a estimativa obtida com dados de diversos órgãos é que a pinha ocupe, aproximadamente, 10 mil hectares em todo o Brasil.
Outro desafio é reforçar a oferta de assistência técnica aos fruticultores. Em Mato Grosso o setor conta com os serviços oferecidos pela Empresa Mato-grossense de Pesquisa e Assistência Técnica (Empaer) para melhorar a produtividade. Porém, ele é insuficiente.
Segundo o diretor da Associação dos Fruticultores de Mato Grosso, Duílio Maiolino, a ausência de mudas é uma das maiores dificuldades para quem quer investir no cultivo. “A pinha é um planta com possibilidade de cultivo em pequenas áreas. E está é a idéia. Incentivar o cultivo por pequenos produtores para que tenham um incremente na renda. Mas para isso precisamos, primeiro, ter oferta de mudas”.
A realidade é a mesma para outras variedades de frutas como banana, maracujá, abacaxi, manga, caju e goiaba, que estão entre as mais cultivadas no Estado. Diante deste cenário, a produção estadual não consegue atender a demanda. As 115,8 mil toneladas de frutas frescas produzidas anualmente abastecem apenas 30% do mercado consumidor local. Os outros 70% vem de outros Estados. “Como estes mercados produzem em grande escala, conseguem baratear o produto. Alguns chegam aqui mais baratos do que os cultivados dentro do Estado e nós perdemos o poder de venda”.
Para o diretor ainda falta uma política governamental mais específica para que o Estado se torne autosuficiente na produção de frutas. Além da escassez de assistência técnica, a ausência de organização da produção e dos produtores, falta de capacitação e dificuldade de acesso ao crédito pelos produtores, principalmente os de assentamento, dificultam a expansão das áreas produtivas.
História
A pinha ou ata é uma planta originária das Antilhas. Foi introduzida no Brasil, mais precisamente na Bahia, na terceira década do século 17.
FONTE: Agrolink
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